BALÉM, João Maria, Monsenhor. A Paróquia de S. José de Taquari no bicentenário da colonização açoriana no Rio Grande do Sul (1752-1952). Porto Alegre: A Nação, s/d, p. 144-146.
Comendador Dr. Adroaldo Mesquita da Costa
Deputado Federal e Ex-Ministro da Justiça
No ano de 1928 assim se expressava um conhecido escritor carioca: "Não há na sociedade de Porto Alegre quem não tenha na mais alta estima e no mais subido apreço o nome, por tantos títulos ilustre, que, formado em Direito, não há muitos anos, já conquistou louros virentes e obteve grandes triunfos na vida forense".
E o que não diria hoje o mesmo escritor, vendo-o alcandorado no posto de monistro da Justiça da República brasileira?
Após tantos e assinalados trabalhos na defesa da religião e da Pátria, na cátedra, na Constituinte e no Parlamento, e, depois, no Ministério da Justiça, por seus merecimentos obteve ser distinguido por Sua Santidade, o Papa Pio XII, com a comenda da Ordem de São Silvestre, e por intermédio do qual, quando ainda Secretário de Estado do Papa Pio XI, em 1938, recebera por solicitação do falecido Arcebispo Dom João Becker, a Cruz Pro-Ecclesia et Pontifice.
Natural da cidade de Taquari, nasceu o dr. Adroaldo Mesquita da Costa em 9 de julho de 1894, filho legítimo do sr. Antônio Porfírio da Costa e dona Alzira Fernandes Mesquita da Costa. Foi batizado na igreja de São José a 29 daquele mês pelo Cônego Manoel Joaquim Tostes, sendo seus padrinhos José Rodrigues do Santos e dona Maria das Dores Pereira Viana.
Aos 12 anos de idade, após ter cursado o colégio de dona Ana Job, em Taquari, entrava para o segundo ano do Curso de Humanidades do Ginásio de Nossa Senhora da Conceição, de São Leopoldo, e aí - disseram-no os mestres - se revelou inteligente, dedicado aos estudos, pontual e correto em suas obrigações, como ainda de muita e sólida piedade.
Em 1911 bacharelou-se em ciências e letras, com o primeiro lugar na sua turma e laureado no ginásio. Em 1913, matriculava-se na Faculdade de Direito de Porto Alegre, onde fez curso brilhantissimo. Em 1917 formava-se em Ciências Jurídicas e Sociais, laureado por aquela Faculdade, para não tardar a ser nomeado promotor público na comarca de Taquari. Era, porém, a carreira de advocacia que mais o tentava, e ei-lo a cabo de algum tempo, de volta á capital do Estado onde abre banca de advogado.
Em 1918 ocupa simultaneamente as duas Promotorias Públicas de Porto Alegre, a Procuradoria Fiscal do Estado e Procuradoria da República.
É sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, do qual também foi presidente, correspondente do Instituto Histórico do Ceará, membro da Comissão de Obras da Nova Catedral de Porto Alegre.
Eleito deputado em 1933 à Constituinte Federal e nas sucessivas legislaturas, primeiramente, como candidato do Partido Republicano Rio-Grandense, na Frente Única, e depois como candidato do Partido Social Democrático, defendeu brilhantemente os postulados católicos, batendo-se, especialmente, contra a introdução do divórcio na Constituição.
Exerceu também o mandato de deputado na Assembleia Estadual. Convidado, realizou conferências em diversos Congressos Eucarísticos Nacionais, como nos de Belo Horizonte, Recife, São Paulo e Porto Alegre.
Escolhido em 1946 pelo presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra para fazer parte do ministério de seu governo na qualidade de ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, sempre o assistiu, em todas as emergências, com dedicação e lealdade, prudência e firmeza.
Referendou o decreto sobre a concessão de graça em comemoração ao Ano Santo. Pronunciou o discurso na instalação solene da Comissão Nacional do Ano Santo.
Recentemente, recebeu convite do Cardeal-Patriarca de Lisboa, Em. Cardeal manoel Gonçalves Cerejeira para tomar parte no Congresso Internacional da Mensagem de Fátima, realizado em Lisboa, do dia 7 a 10 de outubro deste ano de 1951, onde assistiu às solenidades do Encerramento do Ano Santo no Santuário de Fátima, onde proferiu discurso em nome do Brasil Católico.
Com licença da Santa Sé possui uma capela em sua residência, e na mesma toda vez que vem a Porto Alegre, se hospeda S. Em. o Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jayme de Barros Câmara.
Casado com dona Cecy Leite Costa, teve de seu consórcio os seguintes filhos: Maria, viúva do capitão-aviador Lacê Dias; Carmem, que professou em Roma, com o nome de Maria Hermínia de Jesus, na Congregação das Franciscanas Missionárias de Maria; dr. Carlos Leite Costa, casado com dona Marta Amorim Costa; Helena, casada com o dr. Paulo da Cunha e Silva; Teresinha, casada com o dr. Waldemar Sampaio Chaves Barcelos; Antônio, falecido em acidente aviatório em 1949; Isabel, Heloísa, José, João e Maria Celina, esta falecida em 30 de abril de 1949.
Estes em traços gerais os dados biográficos de quem estava marcado lugar de destaque na vida jurídica, social e política no Brasil contemporâneo: grande cultura, inteligência brilhante, advogado de renome em todo Estado.
Caráter lhano e afável, orador eloquente e de vastos recursos, com uma sólida erudição e nem lhe faltando as prendas de coração desdobradas de noite e de dia em obras de caridade, proteção aos desvalidos, assistência aos desamparados e desvelo pelas grandes empresas de saneamento moral.
Eleito deputado em 3 de outubro de 1950, foi escolhido por seus pares como 2º vice-presidente da Câmara Federal na presente legislatura e líder da bancada sul-riograndense do Partido Social Democrático.
É irmão de dona Almerinda Mesquita da Costa, viúva de Aleixo Rocha da Silva; de Antônio Mesquita da Costa, falecido, casado com dona Assunção Pinto Costa; de dona Alzira Mesquita da Costa Castro, viúva de Antônio Rodrigues de Castro; de Marino Mesquita da Costa, falecido, solteiro; de dona Alélia Mesquita da Costa, falecida, solteira; de Artur Mesquita da Costa, falecido, solteiro; de dona Raquel Mesquita da Costa, falecida, com quem casara, em primeiras núpcias, o sr. Osvaldo Michel.